O mistério de Nefertiti

O ano era 1350 a.C., o Egito vivia uma fase de poder e prosperidade. Os domínios do Faraó iam desde a Núbia, nas nascentes do Nilo, até as margens do Rio Eufrates, na Mesopotâmia. Entretanto, quando o Rei Akhenaton assumiu o trono, algo estava para mudar.

Alguns anos após assumir o poder, o Faraó mudou a capital de lugar, construindo uma nova cidade no meio do deserto, promoveu uma revolução religiosa, estabelecendo um novo deus e perseguindo os seguidores do antigo Amon. A nova entidade era Aton, o disco solar, com raios fertilizantes que carregavam nas extremidades o Ankh, símbolo da vida. No reinado de Akhenaton, caos e desordem tomaram o país.

E então, misteriosamente, o rei morreu. Seu nome foi apagado dos registros oficiais, o novo deus e a nova cidade foram abandonados. Assim como ele, também sua rainha, a bela Nefertiti (que significa “A Bela Chegou”) também sumiu dos registros. Durante o reinado do marido, a rainha chegou a ser retratada em cenas de batalhas, tradicionalmente reservadas para reis. Era não só a mulher mais poderosa do mundo, como também belíssima, como se pode perceber pelo busto que ilustra a página do Pilh@.

A busca pelo paradeiro das múmias de Akhenaton e Nefertiti, o casal solar, é uma das obsessões da egiptologia. Até que a arqueóloga Joan Fletcher, da Universidade de York, na Inglaterra, anunciou a descoberta da múmia de Nefertiti, em uma expedição patrocinada pelo Discovery Channel. A múmia era conhecida desde o século XIX. Fletcher baseou suas suspeitas em uma coroa achada no local, usada por rainhas. Além disso, comparou a múmia de uma menina, ao lado da múmia que se suspeita seja da rainha, à figura de uma das filhas de Nefertiti. Nas pinturas, a menina aparece ao lado dos pais e tem furos em ambas as orelhas, assim como a múmia da menina.

Logo apareceram as controvérsias: embora sejam raros, os furos nas orelhas podem ter sido usados por outras meninas egípcias, e nem o sexo das múmias foi confirmado com certeza. Além disso, nada foi encontrado perto das múmias que levasse ao nome da rainha.

O Discovery Channel, entretanto, patrocinador da descoberta, está exibindo o especial “Nefertiti Revelada”, no qual anuncia orgulhosamente a descoberta da “mulher mais bela da Antigüidade”.

Por Antônio Sampaio, agosto de 2003

 

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