CLARICE LISPECTOR

Clarice Lispector  completaria 92 anos dia 10 de dezembro.  A autora, que foi mais brasileira que ucraniana e cuja obra é conhecida internacionalmente, é relembrada nesta edição do Estação Pilha. 

Nesta reportagem, Isadora Salgado conta a trajetória e a vida de um dos maiores nomes da literatura do século XX.

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  “Minha verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia. Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama. Quanto a mim, assumo a minha solidão. Que ás vezes se extasia como diante de fogos de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio. Guardo o seu nome em segredo. Preciso de segredos para viver.”  ( romance “Água Viva”)

“Quero antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de se perguntar "quem sou eu?'' cairia estatelada e em cheio no chão. É que "quem sou eu?" provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.”(  novela  “A hora da Estrela”)

“Criava as mais falsas dificuldades  para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.  Não  era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.” ( conto “Felicidade Clandestina”)
CRÉDITOS:
Reportagem: Isadora Salgado
Edição de Áudio: Verena Spohr